sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

'Canção Indigente'

Mastigo minha unha como um bife suculento.
E quando a comida acaba, tudo está como antes.
Eu tenho muitas desculpas pro mundo...
Tenho muitas desculpas pras minhas culpas.
Eu tenho desculpas pra quem rouba e não quer ser acusado.
Eu tenho desculpas pra políticos...
Eu tenho desculpas pra país que não confiam nos filhos.
Eu tenho desculpas pra quem não arruma uma namorada liberal.
Eu tenho muitas desculpas pro mundo!

Tiro a pela do canto da boca pelo lado de dentro...
E quando me canso tudo está como entes.
Eu tenho varias idéias pra evolução do homem...
Eu tenho varias palavras revolucionarias...
Eu tenho conselhos para os tristes.
Eu tenho um consolo para os frustrados e desvalorizados.
Eu posso fazer você chorar de alegria.
Posso fazer você se apaixonar por mim e ter alguém a quem amar.
Posso ser seu melhor amigo.
Posso ser o seu melhor amor.
Posso decifrar o sabor da tua língua.
Posso arrancar com a boca a tua dor.
Posso mergulhar num brejo limpo e cristalino.
Posso me jogar nas águas azuis de um mar imundo.
Posso tocar tua pele como o vento...
E fazer teus pelos se moverem quando falar ao teu ouvido.
Posso fazer você ver que não é errado dizer que tem defeitos...
E que todos buscam ser reconhecidos.
E fazer você perceber que você já nasce com o desejo de ter o melhor.
E que viver é precisar de três e você só ter dois...
Eu posso fazer você ver que eu poderia acusar você.
Se seus país lhe ensinasse a jogar aviões em prédios...
Aqui você chora e sente raiva.
Mas se crescesse por aquelas bandas
Também estaria fazendo festa...
Mas é só questão de lugar.
É só questão de cultura...
Todos sangram.
E todos se machucam de algum modo.
Eu tenho varias idéias para evolução humana...

Mas talvez eles não precisem evoluir.
Talvez precisem retroceder...
Tudo está rápido demais.

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